José Afonso

Que Amor Não Me Engana

José Afonso


Que amor não me engana 
Com a sua brandura 
Se de antiga chama   
Mal vive a amargura 

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia 

E as  vozes em barcam 
Num silêncio aflito   
Quanto mais se a partam 
Mais se  ouve o seu grito 

Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira 

Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera 

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia