O silêncio na favela É a incerteza no estampido de um tiro O silêncio na favela É a mãe gritando sobre o corpo de um filho O silêncio na favela É quando a lua invade a sala sem pedir E a gente na janela Pensando que estamos sozinhos por aqui O silêncio na favela é o descanso de uma gente Que levanta com o primeiro cantar do galo É quem leva esse país pra frente O silêncio na favela é o breque da mangueira É o salgueiro na avenida que levantou É velha-guarda da portela O silêncio na favela é a falta bem cobrada É a bola que navega É o silêncio que explode em grito de gol, gol, gol, gol O silêncio na favela é a milícia extorquindo o morador É a chuva que soterra É a indiferença, a intolerância e o seu terror O silêncio na favela Também é a pausa que antecede o tamborim O menino na janela Entre as cortinas, vendo a moça se despir Fim de baile pra galera, pelourinho e dona marta Ver a dança do menino michael Bem na porta da sua casa Bob marley e che guevara Tienes hermanos de argentina Tem vascão o time da virada Na camisa da menina Tem estrela na cabeça Com fogão erguendo a taça Lá também tem mulambada do tricolor Tem timão, ba-vi, gre-nal, galo Mas o silêncio na favela é a resposta rubro-negro Com a bola que navega É o silêncio que explode em grito de gol, gol, gol, gol O silêncio na favela É quando a lua invade a sala sem pedir E a gente na janela Pensando que estamos sozinhos por aqui O menino na janela Entre as cortinas, vendo a moça se despir O silêncio na favela É muito mais do que eu consigo resumir