Dizem que Deus, Cansado do Divino Ofício, Redigiu um armistício Deu um tempo à Satanás, Vestiu-se de jardineiro, Um velho bem brasileiro Pra ter dois dias de paz. Vasculhou a criação, Com pá e ancinho na mão, Despiu-se da onipresença, Sentou-se numa nuvem imensa De repente, achou enfim, Um lugar pro seu jardim: A cidade de Valença! E como o Senhor é o Deus, E Deus é surpreendente, Resolveu criar pra Ele, Um jardim bem diferente: Plantou notas musicais, Alguns bemóis,sustenidos Ao invés de plantar sementes. Um dó, um ré, um mi, um fá... E o chão Ele orvalhou Ao som de um choro dolente no centro do jardim Deus, estranhamente, plantou Uma só roseira, Que tão delicadamente Concebeu uma só Rosa: Uma Rosa violeira!! E o som vindo da flor, Tocou, enquanto tocou, Toda a nação brasileira. Um dia ela adormeceu E nunca mais despertou, E dizem que Deus voltou, Vestiu-se de onipresença, E todo dia Ele chora, Todo dia a mesma hora, Sentado na nuvem imensa. Quem sabe cantando agora, Não possamos emanar Um canto prá despertar Nossa Rosinha de Valença!