Os meus olhos que outrora estes campos Espelhavam alegria da fauna a cantar Refletiam rios montes e matas Onde a passarada brincava de amar São os mesmos olhos de agora Reduto de lagrimas de imenso pesar Pois já não existe fauna nem flores E espelham profunda tristeza no olhar Na praça o menino descalço Implorando migalhas pra se alimentar E nos palacetes orquestrando cigarras Se escuta algazarra de voz senhoriais Pois em seus campos não se ouvem lamento Só o choro do vento vergando os trigais Fui criado a beira da sanga Olfateando pitanga pesquei lambari E num quadro de rara beleza A mãe natureza respeitar aprendi Mas a ganância matou nosso rio E o ciclo do cio num repente acabou Conseqüência a fome na vila Engrossando a fila da miséria e da dor E o menino tão solto na rua Sobre o sol e a lua não pediu pra nascer Essa lagrima que corre em seu rosto Esconde o desgosto que o mundo não vê E os meus olhos buscam infinito E quase num grito perguntam por que