Num silêncio de inverno, Queima a lenha no fogão, Chia a água na chaleira E o neto pede bênção. Pra matear com seu avô E ouvir suas histórias De campereadas e tropas Que ficaram na memória. Lembra de rumos e rondas E dos pingos estradeiros, Poeira de estradas longas, E dos dias de aguaceiro, De assombrações e de medos, Mesmo em noites de luzeiros, E dos pedidos que fazia Pra o negro do pastoreio. Passaram luas, e o tempo Fez o menino crescer E se dar conta que a vida Precisa então renascer... Mostrar que às vezes mudar É o caminho a seguir, Pois se pararmos no tempo, Por que o tempo existir? Os rumos hoje são outros, O campo está diferente, Mas uma coisa não muda, Tenha isto em sua mente: Só consegue colher os frutos, Quem plantar boas sementes E o futuro dos teus netos Depende do teu presente.