Jorge Camargo

O Lenhador

Jorge Camargo


Cai a noite como uma cortina
Que se fecha no palco da vida
Sai a Lua por traz da colina
Como alguém que chorou na partida

Gotas das água brilhar cristalina
É o orvalho na mata Florida
A trandosa paineira se inclina
Sobre o rancho de beiras caída

Onde um homem cumprida uma sina
Deita e dorme e acorda em seguida
Sobre a ponte banhada em neblina
Passa o dorso da mão dolorida

É o leal lenhador que cumprida
A tarefa que alguém determina
Tal e qual uma folha caída
Entre aroma de flor e resina
Busca em sonho a esperança perdida
No ranchinho que a Lua ilumina

De repente desperta e duvida
Ter ouvido a canção matutina
Da araponga na mata escondida
Banha o rosto e sono domina
Com o machado nas costa revida
O cansaço e começa a rotina

É mil toras de lenha partida
Pra deixar quando o dia termina
E mais tarde já sem as urtiga
Pra entregar no armazém da esquina
Para os filhos trazer a comida
Lá da vila de gente granfina

É o leal lenhador que cumprida
A tarefa que alguém determina
Tal e qual uma folha caída
Entre aroma de flor e resina
Com o machado nas costa revida
O cansaço e começa a rotina