Se há perigos no chão Se no meu caminho uma pedra E minha trilha trouxer Um espinho qualquer Ou um corte até Sou sapato Mas se aperta o cordão Ou me fere o calcanhar Se me amassa o dedão Até o esmagar Me descalço e me livro Eu sou pé E livre, tão livre E livre, bem livre Sinto esse rio Esse ribeiro A areinha E o mundo inteiro Acontece que meus pés Moram nessa caixa coração Que não cabe num só rumo E se perde a direção Da poeira, vento e fé Viro estrada Mundo, vasto mundo Me refaço, sigo o rumo Sou estrada, sapato e pé Na direção