Quando se ouvia ainda
A maria fumaça apitando alto
E corria na rua sem asfalto
Um travesso moleque descalço

Quando se via ainda
Anjos caminhando em procissão
Existia ali uma árvore
Era ela nativa do nosso chão

O tronco crescia, grosso colosso de madeira
Sombra pra mais de metro
Chão pura terra, nada de concreto

Ingazeiro, solitário pé de ingá
Das suas folhas verdinhas, ai que saudade me dá

Fico parado hoje, frente ao seu tronco decepado
E meu olhar e triste ao pensar
Que já não mais existe
Meu companheiro de tantas estrepolias
Que destino cruel, teve o seu porte de arranha céu
Ter um corte tão dolorido
Como deve ter sofrido, tanto ou mais do que eu

Seu tronco caía, grosso colosso de madeira
Sol ardente nos ombros
Rua sem poeira e a casa de concreto

Ingazeiro, solitário pé de ingá
Das suas folhas verdinhas, ai que saudade me dá