Quem me dera ter cacife para engolir os astros Ou ao menos girá-los com maior frequência O universo ou coisa parecida é um beco sem saída Um mato sem cachorro que não se refaz Uma vela acesa um navio sem porto Um vazio teimoso que não se satisfaz Não há nada atrás desses fogos como gelo Não há nada atrás, só o vácuo por inteiro Quem me dera ter estrelas grelhadas Brilhantes no meu jantar Quem me dera tudo isso fosse muito mais Que música em compasso lento Esses gases loucos no espaço e o vento nos meus passos Causaram num instante um canto de orfeu E uma roda viva como num sonho Surgiu num outro sonho que não era meu