Olha seu moço, Quanta saudade que eu sinto, Do sertão onde eu nasci, Onde plantava minha roça A gente lutava contra praga E a seca, Sofria fazendo cerca Pra nao deixar a criação Entrar na minha lavoura e comer a plantação. Vida que eu vivi, Vida que eu sofri As sementes que eu plantei, Os frutos que eu colhi. Levei para a cidade, Nao teve preço e eu perdi Por isso eu deixei o sertão onde nasci. Olha seu moço, Hoje moro na favela, Construi uma cidade, Mas nao posso morar nela, O que eu ganho muito mal, Dá pra comer, tenho esposa e tenho filhos Nao sei mais o que fazer? Voltar nao posso, O jeito é ficar por aqui, E cumprir a minha sina até quando deus quiser. Vida que eu vivi, Vida que eu sofri...