Vou empeçando essas linhas Com saudade do aruano Por aqui estou plantado Charlando em castelhano E o vento da cordilheira Leva um trompaço aragano De um bichará da fronteira No costilhar de um paisano Quem ouviu poemas Dos baguais tosados Não imaginava Que eram meus cavalos Depois dos bocais E as sombras antigas Que guardavam pousos Eram corunilhas De um janeiro morno Que eu mateio em paz Houve um tempo gordo De olhar florido E fogões acessos À clarear as noites Ausentes de lua Conhecia a palma O corpo de terra Sabia das luzes Das manhãs de tardes Dos seus olhos d’água Talvez a chilenas Dos garrões de laço Criaram sinuelos Pras bordas de bastos Que gastei nos pelos Eu não tive culpa De arranchar meus sonhos Do lombo de um flete Meus firmes arreios E a ânsia de potro Se fui retirante E transpus a linha Não foi geografia Pra junto dos montes Onde o vento nasce Mas foi a vontade De ver outros sonhos Romperem a casca Da semente eterna Do velho rio grande Se mim me gusta saudade É porque nas campereadas Levo sempre bem cinchada Essa silhueta de apartes João mulato domador Estende o laço ao candoca Ainda ouvirei teus responsos Tal um sinuelo pra voltar Ainda ouvirei teus responsos Tal um sinuelo pra voltar