Joca Martins

Caminhos de Agosto

Joca Martins


(Milonga)

Marugadita friolenta, 
Ponchito que o agosto tece, 
Pelo orvalho das canhadas 
O resto da cavalhada, 

Então acha o que lhe falta 
Sobra menos pra campear, 
O resto o tino alcança 
Pelo jeito de olhar. 

Depois o mate do estribo, 
E as aves emplumadas, 
Se adentram nas invernadas 
Rastreando o serenal, 

Vão recolhendo horizontes, 
Esparramando gargantas, 
Pelo grito até levantam 
As nesgas de serração 

Vão troteando nestes fletes, 
Alarmando a sesmaria
Coração de campeirito 
E filho destas estâncias, 

Amante da montaria, 
Sabe que Deus algum dia, 
Lhe regala algum cantito 
Pra ajeita sua tropilha. 

E o mourito cor de prata 
Relíquia do capataz, 
Vai troteando e é ligeiro 
Com força de milharal, 

Se atira e até se nega 
Nervura masrcando o pelo, 
Parece que parte ao meio 
A terra negra onde passa. 

Um tordilho oriental, 
Uma tronqueira, sustenta, 
Pecha o boi pela paleta, 
Facilita ate se quebra, 

E um rosilho de guerra 
De encantar comandante, 
Quando cincha é um palanque 
Enraizado na terra 

No más é só solidão 
Nestes campos, nestas várzeas, 
Cada sombreado de mato, 
Cada canto, cada aguada, 

Lhe resta esperar a noite 
E o luzeiro das estrelas, 
Imaginando seus olhos 
Na constelação mais bela