Nessa colméia povoeira onde fiz arranchamento amarro fletes de sonhos nos palanques de cimento vou bebendo nostalgias de sangua, pitanga e vento sesmarias de saudade não cabem num apartamento quando a lua se debruça no arranha-céu dos viveiros onde arranchei minha alma no meu exílio povoeiro coiceia dentro do peito um coração caborteiro me sinto um pássaro preso na angústia de um cativeiro um luzeiro imaginário na quincha de um céu nublado vai apartando o rebanho de fumaça nos telhados e uma saudade de noivo de campo e berro de gado vou embora pra querência pra me arranchar no meu chão amanhã eu ponho anúncio nos grandes classificados vende-se um apartamento no coração da cidade a preço de ocasião por motivo de saudade