Vem do Andaluz sem engano Que andejou no passado Por mares não navegados Ao destino americano Do mimetismo pampeano Que legou gateados fortes Criados xucros na sorte Há mais de quinhentos anos Vem de ibérico baguais Chegados antes fecundos Aos campos do novo mundo Que foi chão dos ancestrais Vem de bravos ideais A galope, combatentes Conquistando o continente Em fronteiras desiguais Na seleção das manadas Por força, fôlego e raça Há um destino que se traça Pras gerações esperadas Entre sóis e chuvaradas Neves, mormaços, minuanos Deste solo americano Nos Andes, pampas, canhadas Relincham reprodutores Guiando suas manadas Éguas prenhas, "potrillada" Com seus ventos divisores E a mão dos dominadores Se desenha na Argentina Com a força campesina Dos tehuelches domadores O tempo fez, sem igual Seu papel de formador Legando ao historiador A biografia bagual Do cavalo magistral Que viu nascerem cancelas Desde as velhas caravelas Aos escampos de "El Cardal" Assim a história lhe vê Como um guerreiro valente Plantando a própria semente Às vezes mais de uma vez O próprio destino crê Não ter sido um mero pealo O encontro desse cavalo Com Emílio Solanet Por isso a pampa bravia Segue em torno do cavalo Parecendo emoldurá-lo Em cada fotografia E há estranha magia Que o olhar, exultando Ver a querência julgando A cada morfologia Vejo tropa e matadouro Numa paixão transcendente A terra, o índio, a semente A marca quente e o couro Revoluções e tesouros Potros campeando a manada Na prova da paleteada Final do freio de ouro!