João Terra

Enquanto Isso

João Terra


Enquanto olhos ingênuos contemplam o céu
Outros sedentos dos bens que a Terra produz
Destroem rios, sorrisos e selvas
Sem ver o direito de todos aos frutos que brotam do chão
Que brotam do chão

Enquanto mãos calejadas trabalham o chão
Outras mãos desocupadas dividem o mel
E o suor da colheita sumiu e brotou no olhar
No lugar da fartura ficou solidão
Ficou solidão

Mas, se todo sofrer tem seu rumo
Nós vamos lutar pra sorrir
Se a mágoa deságua no nada
Pro nada não queremos ir
Então faz sentido o abraço
É força o aperto de mão
Se tudo isso conduz à vida
Então o viver tem razão

Enquanto tiram do pobre o teto e o pão
Nesse renasce a febre e a fé de lutar
E de dentro do sofrer nasce um riso que é luz
Que é sol, que é nova semente brotando no chão
Brotando no chão
Enquanto alguns imbecis inda plantam o mal
O povo inteiro se banha no brilho do amor
E uma nova emoção toma conta do tempo e do espaço
Fazendo de novo cada coração amar outra vez.