João Mulato e Douradinho

Meu Baú da Saudade

João Mulato e Douradinho


Tom: B

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Nesse grande baú já amarelado cantos amassados dos trancos da lida
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Estão meus guardados de estimação dos tempos de peão que marcou minha vida
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Aqui está meu lenço e a capa coqueiro, o velho baixeiro freio e o bridão
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São meus relicários as obras de arte que fizeram parte da profissão

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Esse meu baú com parte da tralha não me atrapalha para recordar
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Dos tempos que tropeava emeado no mato e para meus netos eu quero mostrar
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Tenho par de estribos fundido em alpaca com a minha marca mandei colocar
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Uma rédea de crina muito bem trançada nas minhas jornadas tinha que levar

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Em um laço trançado couro de mateiro após muitos janeiros ele já ressecou
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Uma velha peiteira com argolas de prata que a lida ingrata de herança deixou
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Uma foto amarela com letras pequenas de uma morena que me presenteou
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São coisas que marcam na mente da gente e assim de repente o bom tempo passou

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O baú está guardado com amor e carinho pros filhos e os netinhos lembrar do avô
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No dia em que eu for pra eternidade vai ficar saudade de um peão domador
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Hoje ao quebrado dos trancos da vida revejo a lida mexendo com gado
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Já velho e cansado sou folha caída a guerra incontida perdeu um soldado