Cadê a nossa boiada E o grito dos boiadeiros Na estrada não se vê mais O rastro dos pantaneiros Boiada em cima do carro O carro em cima do chão Agora não tem poeira Só fumaça e poluição Morava pelas estradas A cama era sua rede No rancho fazia pousada Depois de matar a sede Você já foi um gigante O povo não escuta mais O toque do seu berrante E o berro dos marruais Sou um boiadeiro triste Que perdeu a profissão Berrante está abandonado No prego está o facão A traia está pendurada Lá debaixo do porão Eu trago marcas no corpo Desta lida de peão Já comi muita poeira E toquei muita boiada Hoje eu não vejo mais Comitiva nas estradas Só me resta a tristeza De hoje não ver mais nada A saudade no meu peito Vive dando ferroada Não se vê mais boiadeiro Acabou a profissão Lugar que passava boi Hoje passa o caminhão Quando escuto um berrante Machuca meu coração Não existe mais poeira O piche cobriu o chão