Quando o fogo aquenta a água Da cambona enfumaçada O mate chega a ter gosto De tropa, doma e estrada O vento badala o cincerro Num gancho de pitangueira E a tropilha dos recuerdos Vem pra forma na mangueira Me parece até que vejo Um maula corcoveador Com a minha espora trabalhando Na volta do sangrador Lembro um pingo que eu domei Dos manso' de natureza De apartar pito em terreiro E lambari na correnteza De apartar pito em terreiro E lambari na correnteza Cada vez que a noite velha Veste luto na fronteira O vento embala o cincerro Num gancho de pitangueira E a tropilha dos recuerdos Vem pra forma na mangueira Chego a enxergar uma tropa Com capataz bem campeiro Que carneia e faz o fogo E assa a carne bem ligeiro Vejo a cozinheira gaúcha Uma matrona da planura Rebolcando um carreteiro Galopeado na gordura Chego a ouvir, num dia quente O bufo do aramador E a cantilena terrunha Da pá e do socador Enxergo uma penca antiga E o jóquei do capataz Ganhar do pigo do comissário De luz e olhando pra trás Ganhar do pigo do comissário De luz e olhando pra trás Cada vez que a noite velha Veste luto na fronteira O vento embala o cincerro Num gancho de pitangueira E a tropilha dos recuerdos Vem pra forma na mangueira Vejo dois tauras num baile Se acalambrarem em mangaço E um índio solito no campo Com um touro brabo no laço E vejo os campos da fronteira Tapaditos de fumaça E um gaiteiro de galpão Abrindo a gaita uma braça Vejo um paisano de allá Gritando forte c'o gado E um daqui toureando a morte No lombo d'um aporreado Olho um gaúcho ao tranquito Ele e um cusco estrada afora Uma milonga doble-chapa Tilintando em cada espora Com uma milonga orelhana Em cada roseta da espora Cada vez que a noite velha Veste luto na fronteira O vento embala o cincerro Num gancho de pitangueira E a tropilha dos recuerdos Vem pra forma na mangueira