Chego do campo e penduro o reio' na faca Boto-lhe fogo num fogão véio' à lenha Corto um pedaço de carne e vai pra panela Cebola, alho e tempero se acaso tem Dou uma fervida se a carne é de bicho véio' Boto-lhe banha, revolto e carco'-lhe sal Que é meu costume fazer boia engordadeira Que tenha gosto e não boinha de hospital Que é meu costume fazer boia engordadeira Que tenha gosto e não boinha de hospital Sou cozinheiro por precisão Faço boia de sustância Porque o serviço de estância Exige força do peão Eu não me aperto, uso o que tem na dispensa Às vez', no apuro, no feijão, vai até estopa Mas não faz causo, o que não mata afina o pêlo E, até da pata d'um grilo, faço uma sopa Não tem receita, nem medida, é só no olho Finco um tomate pra fazer um molho vermelho Água gelada e limão pra empurrar a boia Porque salada, pra mim, é boia de coelho Água gelada e limão pra empurrar a boia Porque salada, pra mim, é boia de coelho Sou cozinheiro por precisão Faço boia de sustância Porque o serviço de estância Exige força do peão De sobremesa, quando dá, faço compota E até ambrosia quando chove e falta luz Faço merengue, lembro da finada Lila Que, uma vez, fez uns de ovo de avestruz Faço de tudo, de tudo o que der no bolso Só não repare porque é boia de home' Mas eu garanto: Até quem chega sem aviso Enche a barriga, sesteia e não passa fome Mas eu garanto: Até quem chega sem aviso Enche a barriga, sesteia e não passa fome Sou cozinheiro por precisão Faço boia de sustância Porque o serviço de estância Exige força do peão