João Luiz Corrêa

Pago Dileto

João Luiz Corrêa


Eu parto por longos caminhos, meu pai, minha mãe, atenção
Atendam a esses pedidos do filho do seu coração
Não vendam os bois da carreta, criados com estimação
Não peguem as coisas que eu deixo guardadas no velho galpão
Não peguem as coisas que eu deixo guardadas no velho galpão

Não mexam na fonte da serra, tem muitos bichinhos por lá
A toca do muro de pedra, lembranças dos tempos de piá
Não serrem os pés de pinheiro, moradas de muito Irapuá
Não cortem as lindas palmeiras, lugar do cantor Sabiá
Não cortem as lindas palmeiras, lugar do cantor Sabiá

Não tirem o verde dos campos, beleza que, a muitos, consola
Não colham as flores das matas, nas quais o perfume se enrola
Não deixem armar arapucas, as aves não querem gaiolas
Seu canto nos traz melodias que rimam ao som da viola
Seu canto nos traz melodias que rimam ao som da viola

Daqui algum tempo, Deus queira que eu volte sem mágoas, sem ais
Que eu possa abraçar novamente os velhos queridos meus pais
Que eu sinta meu pago dileto feliz a cantar madrigais
Que eu veja meu mundo de outrora com todas as coisas iguais
Que eu veja meu mundo de outrora com todas as coisas iguais