Sempre que escuto uma vanera de rancho Penduro o chapéu num gancho e me vou para o salão... Pego uma gringa, dessas que vem lá da serra, Pois aqui na minha terra fica feio dar carão... E já me atiro, que nem bugio no arvoredo, A gaita conta o segredo, nunca contado a ninguém. Baile de rancho todos vêm para dançar Se o bonito arruma par o, feio arruma também. REFRÃO Segura o tranco, nesta vanera de rancho, Qu'eu vou pousar de carancho, no coração da chinoca... Eu e a pinguancha, neste troteado de ganso, Aprendi este balanço nos bailes da Bossoroca. Chega a peonada desfilando a brilhantina, Em cada olhar de china tem um brilho que provoca... Os bons ginetes já se atiram muito afoitos, Pegam essas de dezoito e tá feita a massaroca... Cabelos curtos, no estilo flor de porongo , Outras de cabelos longos, bem mais que minha esperança... Quem vê de fora diz que o baldrame tem mola, Todo mundo se rebola e até o rancho se balança! Nesta vanera, que a cordeona quase fala, Até a lua vem p'ra sala, pelas frestas da janela... Nos galanteios os corações viram brasa, A peonada pede vasa, p'ra poder molhar a goela... Ninguém refuga antes que o dia amanhece, O vento gemendo em prece e a moça pedindo amor... É nesses ranchos que ninguém liga p'ra fama, Onde a alma se derrama e a vida tem mais sabor.