João Luiz Corrêa

Vanera de Rancho

João Luiz Corrêa


Sempre que escuto uma vanera de rancho 
Penduro o chapéu num gancho e me vou para o salão... 
Pego uma gringa, dessas que vem lá da serra, 
Pois aqui na minha terra fica feio dar carão... 
E já me atiro, que nem bugio no arvoredo, 
A gaita conta o segredo, nunca contado a ninguém. 
Baile de rancho todos vêm para dançar 
Se o bonito arruma par o, feio arruma também. 

REFRÃO
Segura o tranco, nesta vanera de rancho, 
Qu'eu vou pousar de carancho, no coração da chinoca... 
Eu e a pinguancha, neste troteado de ganso, 
Aprendi este balanço nos bailes da Bossoroca. 

Chega a peonada desfilando a brilhantina, 
Em cada olhar de china tem um brilho que provoca... 
Os bons ginetes já se atiram muito afoitos, 
Pegam essas de dezoito e tá feita a massaroca... 
Cabelos curtos, no estilo flor de porongo , 
Outras de cabelos longos, bem mais que minha esperança... 
Quem vê de fora diz que o baldrame tem mola, 
Todo mundo se rebola e até o rancho se balança! 

Nesta vanera, que a cordeona quase fala, 
Até a lua vem p'ra sala, pelas frestas da janela... 
Nos galanteios os corações viram brasa, 
A peonada pede vasa, p'ra poder molhar a goela... 
Ninguém refuga antes que o dia amanhece, 
O vento gemendo em prece e a moça pedindo amor... 
É nesses ranchos que ninguém liga p'ra fama, 
Onde a alma se derrama e a vida tem mais sabor.