João Luiz Corrêa

Toque o Galpão

João Luiz Corrêa


Quando um candieiro se acende, 
Toda a peonada se arrancha, 
Um violão sai resmungando 
E a gaita pedindo cancha... 
A espora velha se arrasta, 
Fazendo sulcos na sala, 
E o cantor abre seu peito, 
Numa vaneira baguala. 

(Refrão)
Nem bem a gaita floreia 
E a morena me campeia, 
Retrechando no salão... 
A moçada se entrevera, 
Que nem galinha em quirera, 
Neste toque de galpão. 

Um contrabaixo reiúno, 
Que mais parece um cincerro, 
Um pandeiro meio mocho, 
Fazendo ecos nos cerros... 
O gaiteiro espicha os olhos, 
P´ra coringar as morenas 
E vai soqueando a cordeona 
Enrolado nas melenas. 

A gaita segue rangindo, 
Que nem moenda de tafona 
E a moçada mais afoita 
Procurando as querendonas... 
Neste toque de galpão 
A sala é um mundo pequeno, 
Enquanto a lua lá fora 
Fica bebendo o sereno.