Noutro tempo a fidalguia Que deu brado nas toiradas Andava p'la mouraria Em muito palácio havia Descantes e guitarradas E a história que eu vou contar Contou-ma certa velhinha De uma vez que eu fui cantar Ao salão de um titular Lá p'ró paço da rainha E nesse salão dourado De ambiente nobre e sério Para ouvir cantar o fado Ia sempre um embuçado Personagem de mistério Mas certa noite houve alguém Que lhe disse erguendo a fala Embuçado, nota bem, que hoje não fique ninguém Embuçado nesta sala! E ante admiração geral Descobriu-se o embuçado Era el-rei de Portugal, houve beija-mão real E depois cantou-se o fado