Às vezes quando escuto Bem de longe no chapadão O repique do berrante E o grito de peão Saio no terreiro e vejo Lá distante um bom poeirão Eu sinto dentro do peito Remoer meu coração Eu vejo um burro da carga A saudade é tão amarga Lágrimas descem no chão Vejo a boiada passando Lá de dentro do terraço Com o meu espírito jovem Mas o corpo é um fracasso Boiadeiro venha cá Quero lhe dar um abraço Pra matar minha saudade Quero pegar no seu laço Eu quero sentir o cheiro Do suor do boiadeiro Pra aliviar o meu cansaço É triste sentir saudade Do tempo de boiadeiro Da poeira nas estradas E berros de pantaneiros Um estouro de boiada Um arreio e baixeiro Magoa o coração Do velho peão estradeiro Quando vejo atrás da porta O laço e o par de bota Eu choro em desespero Quando olho no espelho E vejo rugas no rosto Cabelos embranquecidos De quem já foi tão disposto Sinto tristeza na vida Desilusão e desgosto Sei que estou chegando ao fim Mas fui peão de gosto Adeus para os companheiros O velho peão estradeiro Agora perdeu seu posto