As rugas indesejáveis que no meu rosto ficaram; São espinhos da velhice que mãos ocultas plantaram; No jardim da minha vida depois que as rosas murcharam; São lâmpadas que brilharam com luz forte e colorida; Mas com o passar dos anos viu-se a luz enfraquecida; Se apagando aos poucos na escuridão da vida; Ruga curta ou cumprida que vejo contra a vontade; São sinais obrigatórios parando a velocidade; Do carro velho do tempo dando adeus à mocidade; São sinônimos de saudade que eu não queria ter; No livro da minha face não gostaria de ler; Mas o espelho do tempo é quem me obriga ver; Recebo sem perceber contra a vontade minha; Na velha estação dos anos cada ruga é uma linha; Levando um trem de saudade que na infância não tinha; No trem da infância minha andei na primeira classe; Porem cansei na viagem que cada ruga que nasce; É uma esperança que morre no canto da minha face; A se o passado voltasse pra quando eu fosse dormir; Ver mãe balançando a rede devagar pra não cair; Que hoje eu canto chorando mais já chorei de sorrir; Não vou mandar colorir o meu cabelo sem brilho; Vai ficar branco orvalhado como boneca de milho; É a herança do tempo que passa de pai pra filho; Sou um fracassado trilho do trem da vida correr; Como o peso da saudade vejo o chão estremecer; O que eu podia e não levava hoje levo sem poder; Sou um fracassado trilho do trem da vida correr; Como o peso da saudade vejo o chão estremecer; O que eu podia e não levava hoje levo sem poder; Vejo a canoa pendendo nas ondas dos desenganos; Sou pescador da saudade em profundos oceanos; Afogando as esperanças nas correntezas dos anos; Vejo a canoa pendendo nas ondas dos desenganos; Sou pescador da saudade em profundos oceanos; Afogando as esperanças nas correntezas dos anos.