A pomba da aliança o voo espraia Na superfície azul do mar imenso Rente de espuma já desmaia, medindo a curva do horizonte extenso Mas um disco se avista ao longe a praia Rasga nitente o nevoeiro denso Ó pouso, ó monte, ò ramo de oliveira, ninho amigo da pomba forasteira É tão bom ter por árvore uns carinhos É tão bom de uns afetos fazer ninhos Assim meu pobre livro as asas largas nesse oceano sem fim sombrio eterno O mar atira-lhe a saliva amarga, o céu lhe atira o temporal de inverno Ó triste verga tão pesada carga quem abre ao triste um coração paterno É tão bom ter por árvore uns carinhos É tão bom de uns afetos fazer ninhos Pobre órfão vagando nos espaços embalde as solidões mandas um grito Que importa de uma cruz ao longe os braços vejo abrirem-se o mísero precito Os túmulos dos teus dão-te regaços, ama-te a sombra do salgueiro aflito Vai, meu livro e como louro agreste Traz-me no bico do ramo cipreste É tão bom ter por árvore uns carinhos É tão bom de uns afetos fazer ninhos