Sentei-me na sombra da velha tapera Como alguém que espera por recordação Eu que fui embora já faz muito tempo Ainda me lembro com perfeição De ouvir o ruído, a boiada passando Boiadeiros gritando lá no estradão E o som de um berrante tocando distante Bateu como antes o meu coração Então recordei meus sonhos de criança Eu tinha esperança de ser um peão Senti o vento forte soprar meus cabelos Montado em pelo em nosso alazão Lembrei da infância vivida no sítio Este livro escrito na imaginação E de repente todo o meu passado Estava ao meu lado ao alcance das mãos Ouvi a mamãe cantarolando E o papai tocando um velho violão Lembrei da família em volta da mesa E com singeleza fiz minha oração Pedi para Deus proteger os meus pais Que eu amo demais e também meus irmãos Que estarão sempre comigo E chorei nessa hora de tanta emoção Olhei pra tapera toda abalada Que a qualquer momento pode ir ao chão Com o peito doído me pus a lembrar Que este fora um lar de muita união E saí andando sem olhar pra trás Pois pra mim tanto faz se ela cair ou não Porque as lembranças que eu levo comigo É da casa bonita junto ao estradão