João Afonso

Pó do Armário

João Afonso


Saudades do vento 
do pó do armário 
que trazem dos séculos 
o velho corsário 

Fiz jangadas d´ervas em vinte e quatro telhados 
dei a volta à terra com um tostão de rebuçados 

Voavam acácias 
por cima das casas 
fui com as gaivotas 
fui nas suas asas 

Apanhei o vento vi o coreto tão cheio 
enchendo de sono e comigo lá no meio 

Vi correr as velas como folhas de um diário 
dei a volta à terra conduzido por corsários 
e por fim cheguei à ilha onde o meu amor morou 

E não digas que é mentira 
ninguém me desminta assim 
que pirata foste um dia em febres de espadachim 
e por fim cheguei à ilha onde o meu amor morou