Uma noite escrevi o teu nome num café a cafeteira adormece breve mesmo ao pé O mar que passa pela vidraça senta-se à mesa cheira a café Não me enjeites quando te escrevo o que à memória me vem contas contadas, contas da história que a ninguém devo, a ninguém Já não vejo razão para calar as múrmures águas na areia sobre a praia a maré cheia enche toda antes de vazar A noite dura para além da tarde cerveja com levedura vaga de espuma entre o meio dia calma a garganta que arde O tesouro no ventre do mar não será para quem mareia como é bom dormir, acordar preguiçar em branca açoteia O sentido que eu tive da vida num café o que foi certo para mim um dia já não o é O mar que passa pela vidraça senta-se à mesa cheira a café Cão vadio, cão sem raça pela rua a vaguear candeeiro de luz baça café moído a exalar À noite os casais devassam os enigmas duma luz mansa os sonhos idos de criança como farrapos soltos que passam.