Era só a chuva, o choro, os anjos em coro Deus tava chorando inundando o quintal Os meus pés cheios de lama não voltaram pra cama Depois da tempestade tudo volta ao normal Barulhos do telhado: São pássaros, são ratos, São mitos, são fatos, imagem sem fotos São carros e motos do subúrbio São vivos e mortos num distúrbio E os sentimentos tão dúbios e débeis, são almas e peles Caminhos e hinos tão calmos, com calma, são salmos cantados com palmas Por várias meninas, por vários meninos Sentado na poltrona nos dias de domingo Interrompido pelas nuvens no céu de cor flamingo Os nossos sonhos de verão, nossos planos de antemão Guardados a sete chaves, bati nas duas traves Já pegamos várias naves e embarcamos na frente Já enchemos vários baldes logo após a enchente Suei em tardes tão quentes e em noites tão frias Chorei entrementes quando eu não vencia O desconhecido, o não lido, o não crido, o não visto, Ou mal visto, eu resisto com fé. Não desisto! Para um bom futuro eu despisto os meus planos Por um mal passado por erros enganos Assim como os rios não voltam, o tempo não corre pra trás No subespaço que sentimos à vista Partindo da conquista palpável Noções do tempo que se vive ou se sente nas lições abstratas Acalmando os corações e mentes, ajusto a lente Essa chuva transparente que colore a priori O meu mundo é incrível! E o seu? Tive noções de breu Tudo o que me aconteceu é producente Pisando em ovos do ninho da mente Eu aprendi a caminhar na lama Na santa dos pisos marrons Me sujei pouco nos meus dias bons Criei a fama de pular da cama Quando ninguém me viu presente E agora volto nesse sol poente após a chuva Eu encontrei a direção pela janela turva Era só a chuva, o choro, os anjos em coro Deus tava chorando inundando o quintal Os meus pés cheios de lama não voltaram pra cama Depois da tempestade tudo volta ao normal Entulhos do telhado, aterros, são erros São berros, são ferros, martelos e luva Raízes e galhos esquecidos Na minha mente onde o vento faz a curva E os sentimentos nas poças de água, Nas pontes do mangue, no sangue, Nas moças, nas louças deságua a mágoa E finda o curso Num outro papel, num mesmo discurso As cartas que não chegam; espere o retorno A precipitação ao encontro do chão morno O aroma da estação, só o perfume da razão Um pedaço da essência, só um terço de ciência A aparência de um quarto, o teor do recinto Um conceito num segundo nessa “terra de um quinto” Voei em ares tão densos com asas tão leves Trajetos extensos emanando uma verve Desconhecida, ou não lida, ou não crida, Ou não vista, ou mal vista, na pista palmeando a conquista Você foi como a chuva: Inundou a terra Você foi como a terra: Absorveu a chuva