Um homem é uma árvore É milagre que se repete eternamente Na multiplicação dos frutos O exemplo da solidariedade Que dá e recebe a seiva permanentemente Se uma árvore cai Mil outras estão nascendo Cruzo um presságio triste A floresta emaranhada Cheira incenso de queimada Numa verde catedral Folhas com carpideiras Vão choramingando ao vento Que espalhando seus lamentos Anunciando morte está Prantos por uma vida Fatalmente sentenciada Sinos de morte matada Redobram num matagal Uma árvore será, esse caixão Uma árvore será, sombra e amor Uma árvore será, tocha de luz Espinho e cruz Esse homem a quem outro sentenciou Sempre há de será, de sombra e amor Sempre há de será, tocha de luz Espinho e cruz Uma espingarda espera Entre as sombras assustada Sua alma de árvore espantada Deve a outra árvore matar Destino miserável Foi madeira quando criança Hoje é chumbo de vingança Guarda entranha vegetal A historia está esperando Chovem balas, pau, machados Vida e tronco derrubados Adubo de seringais Uma árvore será, esse caixão Uma árvore será, sombra e amor Uma árvore será, tocha de luz Espinho e cruz Esse homem a quem outro sentenciou Sempre há de será, de sombra e amor Sempre há de será, tocha de luz Espinho e cruz