Jean Bertola

La nymphomane

Jean Bertola


Mânes de mes aïeux, protégez-moi, bons mânes!
Les joies charnell's me perdent
La femme de ma vie, hélas! Est nymphomane
Les joies charnell's m'emmerdent

Sous couleur de me donner une descendance
Les joies charnell's me perdent
Dans l'alcôve ell' me fait passer mon existence
Les joies charnell's m'emmerdent

J'ai beau demander grâce, invoquer la migraine
Les joies charnell's me perdent
Sur l'autel conjugal, implacable, ell' me traîne
Les joies charnell's m'emmerdent

Et je courbe l'échine en déplorant, morose
Les joies charnell's me perdent
Qu'on trouv' plus les enfants dans les choux, dans les roses
Les joies charnell's m'emmerdent

Et je croque la pomme, après quoi, je dis pouce
Les joies charnell's me perdent
Quand la pomme est croquée, de plus belle ell' repousse
Les joies charnell's m'emmerdent

Métamorphose inouïe, métempsycose infâme
Les joies charnell's me perdent
C'est le tonneau des Danaïd's changé en femme
Les joies charnell's m'emmerdent

J'en arrive à souhaiter qu'elle se dévergonde
Les joies charnell's me perdent
Qu'elle prenne un amant ou deux qui me secondent
Les joies charnell's m'emmerdent

Or, malheureusement, la bougresse est fidèle
Les joies charnell's me perdent
Pénélope est une roulure à côté d'elle
Les joies charnell's m'emmerdent

Certains à coups de dents creusent leur sépulture
Les joies charnell's me perdent
Moi j'use d'un outil de tout autre nature
Les joies charnell's m'emmerdent

Après que vous m'aurez emballé dans la bière
Les joies charnell's me perdent
Prenez la précaution de bien sceller la pierre
Les joies charnell's m'emmerdent

Car, même mort, je devrais céder à ses rites
Les joies charnell's me perdent
Et mes os n'auraient pas le repos qu'ils méritent
Les joies charnell's m'emmerdent

Qu'on m'incinère plutôt! Ell' n'os'ra pas descendre
Les joies charnell's me perdent
Sacrifier à Vénus, avec ma pauvre cendre
Les joies charnell's m'emmerdent

Mânes de mes aïeux, protégez-moi, bons mânes!
Les joies charnell's me perdent
La femme de ma vie, hélas! Est nymphomane
Les joies charnell's m'emmerdent

Almas dos meus ancestrais, protegei-me, boas almas!
Os prazeres carnais me arruínam
A mulher da minha vida, que lástima!, é ninfomaníaca
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Com o pretexto de me dar uma descendência
Os prazeres carnais me arruínam
Ela faz-me passar a existência na alcova
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Embora eu peça piedade, invoque a enxaqueca
Os prazeres carnais me arruínam
Ao altar conjugal, implacável, ela me arrasta
Os prazeres carnais enchem-me o saco

E eu curvo a espinha, lastimando, taciturno
Os prazeres carnais me arruínam
Que não se encontrem mais filhos nos repolhos, nas rosas
Os prazeres carnais enchem-me o saco

E mordo a maçã, depois, reclamo uma pausa
Os prazeres carnais me arruínam
Quando a maçã está mordida, ela cresce mais forte ainda
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Metamorfose inédita, metampsicose infame
Os prazeres carnais me arruínam
É o tonel das Danaidas transformado em mulher
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Chego até a desejar que vire sem-vergonha
Os prazeres carnais me arruínam
Que arranje um amante ou dois que me auxiliem
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Ora, infelizmente, a sujeitinha é fiel
Os prazeres carnais me arruínam
Penélope é uma devassa ao lado dela
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Alguns, a dentadas, cavam a própria sepultura
Os prazeres carnais me arruínam
Eu uso um utensílio de outra natureza
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Depois que vocês me embalarem no caixão
Os prazeres carnais me arruínam
Tomem o cuidado de fechar bem o túmulo
Os prazeres carnais enchem-me o saco

Pois, mesmo morto, deveria ceder aos seus ritos
Os prazeres carnais me arruínam
E meus ossos não teriam o descanso que merecem
Os prazeres carnais me enchem o saco

Antes, que me incinerem! Ela não ousará descer
Os prazeres carnais me arruínam
Sacrificar a Vênus com minhas pobres cinzas
Os prazeres carnais me enchem o saco

Almas dos meus ancestrais, protegei-me, boas almas!
Os prazeres carnais me arruínam
A mulher da minha vida, que lástima!, é ninfomaníaca
Os prazeres carnais me enchem o saco