Quem é ateu E viu milagres como eu Sabe que os deuses sem Deus Não cessam de brotar Nem cansam de esperar E o coração Que é soberano e que é senhor Não cabe na escravidão Não cabe no seu não Não cabe em si de tanto sim É pura dança e sexo e glória E paira para além da história Ojuobá ia lá e via Ojuobá ia Xangô manda chamar Obatalá guia Mamãe Oxum chora lágrima legria Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia Ojuobá ia lá e via Ojuobá ia Obá É no xaréu Que brilha a prata luz do céu E o povo negro entendeu Que o grande vencedor Se ergue além da dor Tudo chegou Sobrevivente num navio Quem descobriu o Brasil? Foi o negro que viu... A crueldade bem de frente E ainda produziu milagres De fé no extremo ocidente Ojuobá ia lá e via Ojuobá ia Xangô manda chamar Obatalá guia Mamãe Oxum chora lágrima legria Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia Ojuobá ia lá e via Ojuobá ia Obá Toque-me Ogum e sentirás que por ser negra a minha pele é tão sutil, tão leve, tão leve, leve como algodão, macio, negue-me se for capaz e não destinguirá jamais que por ser negra a noite é simplesmente bela...