O dia surgiu nas sombras Na garupa do aguaceiro Trançando buçal de prata Com água e ventos pampeiros E amanheceu de alpargatas Mateando ao pé do braseiro. Um céu de osco fumaça Pintou inteiro a manhã Enquanto o galpão proseava Em coro ao vocal das rãs Um vento frio desmanchava As copas do tarumã. Dia e noite, noite e dia Chove a chuva corre o rio Roda o rodeio da vida No sol quente ou dia frio. A tarde se foi as grimpas Quando a noite enraizou Num galpão armado pampa Com nostalgia emprenhou A tristeza dá saudade Aos olhos de quem cantou. O céu negro azul profundo Carrapateou-se de estrelas Que a viver tremer luzindo Faz sonhar quem percebê-la No rancho o galpão é alma E a noite pra entender-lhas.