Estes cernes consumidos Em tua alma de brasedo Por certo guardam segredos No centro das inverneiras De repassar as basteiras Retovando o garrerio Principiando o assobio De uma milonga galponeira... Quem tem lembranças guardadas como um regalo Dos velhos tempos, quando tudo era estância Cruzar querência sobre o lombo do cavalo E por instinto ter o tempo e a distância Rever as garras penduradas no galpão Chiar do tição nos respingos da cambona Sentir o gosto dessa xucra infusão Bebendo acordes de guitarras redomonas Bebendo acordes de guitarras redomonas... (Galpão de estância, marca viva do meu mundo Cheiro de garras e pingos suados da lida Tosca cantiga do estralar dos gravetos Ar de sereno, com carqueja ressequida) É a mais cantiga das crenças De um payador de ofício Mescla de guitarra e vício És meu galpão centenário Que por certo foi o cenário De improvisos e vaidades No bordonear de ansiedades De algum poeta visionário Quando o soluço do inverno abre o poncho Ou mormaceando, o verão traz as soalheiras Tua tranqueira de saludo abraça a gente Ilha quinchada, num mar verde sem bandeira Testemunho da raça dos potreadores Que no teu chão conceberam bruxarias Benzer as cismas num lampejo de aurora E atar esporas antes do clarear do dia E atar esporas antes do clarear do dia... (Galpão de estância, marca viva do meu mundo Cheiro de garras e pingos suados da lida Tosca cantiga do estralar dos gravetos Ar de sereno, com carqueja ressequida)