Ando de poncho encharcado por essas chuvas de julho E, ainda, escuto o barulho das águas crescendo a sanga Faz pouco, a várzea estendeu-se pra lá do arame do meio E o passo ficou bem feio de não cruzar os bois da canga De novo, o tempo armou-se, escureceu a banda oeste Embora, pouco nos reste, não há de esperar por nada Estender poncho e pelego, abrir porteira e alambrado Pra não tirar gado a nado de algum rincão da invernada No outro ano que a enchente ponteou a várzea do fundo Parecia até que o mundo descia junto com ela Quem tava quieto nas casa', mateando à tarde em floreio Avistava o arroio cheio bombeando pela janela De longe, até meus Gateados andam Lobunos por conta Da chuva que lhes reponta e bota os mansos na forma Beirando os fios do alambrado, perfilados um por um No mesmo instinto comum do tempo que dita as normas Até o galpão que garante, sempre, os desmandos do céu Anda sentindo o tropéu quando a chuva é galopeada Forceja a quincha do norte na turumbamba de patas Mas não se rende às bravatas, é feito de alma e morada E o dia, mais uma vez, batendo água, se estende E a gente, então, compreende que a própria vida é assim Se vai o tempo por conta, por onde o outro deságua E o poncho ainda guarda as águas que o julho tinha pra mim E o dia, mais uma vez, batendo água, se estende E a gente, então, compreende que a própria vida é assim Se vai o tempo por conta, por onde o outro deságua E o poncho ainda guarda as águas que o julho tinha pra mim