A seca fere os olhos do campeiro Quando uma rês procura água Mugindo em seu desespero Como um lamento, uma mágoa Meu Deus, olhando pra o céu Pras bandas do Uruguai Rezo e tiro o meu chapéu Será que esta chuva cai É pasto seco e queimada Tropa de gado e fiador Procurando alguma aguada Onde a vida tem valor Todo o dia a mesma esperança Chega outra noite estrelada É um desgosto na estrada Ver pensativa a peonada O açude em frente as casas Secou sem deixar vertente As marrecas bateram asas Que dor na alma da gente Ali, apontando o dedo Mostrando pra uma visita Como se fosse um segredo O capataz revisita Busca no fundo do peito O postal de um campo verde A sanga correndo em seu leito Pra tropilha matar a sede Assim vai passando o tempo Mas um rural não se curva Bombeia a nuvem, cuida o vento Quem sabe amanhã vem chuva.