Jamila Mafra

Solo dos Indigentes

Jamila Mafra


Delyle,
Longe estás nessa estrada!
Jamais lutaremos juntos
Pelo que quer que seja.
Jamais precisarás
Compreender os meus defeitos
Ou me ajudar a corrigi-los.
Tampouco aceitar as minhas revoltas,
Opiniões,argumentos ou revoluções.

Jamais serei tua amiga,
Companheira nem qualquer
Outra coisa que se pense.
Nunca terei teu rosto
Em minhas mãos,
Não entrelaçarei
Meus dedos nos teus.
De maneira nenhuma
Caminharemos juntos em silêncio
Apenas tendo o coração
De alegria pleno
Por havermos nos encontrado.

Jamais serei tua amiga!
Nunca confiarás em mim!
Não precisarei te entender
Ou te aceitar do jeito que és.
Também não precisaremos nos preocupar
Com brigas ou meras discussões.

Delyle,
Eu só quero te dizer
Que eu não amo mais você,
Mas não tanto quanto
Odeio a amargura
Que faz crescer
A minha angústia.

Jamais sentarei ao teu lado
Muito menos
Em uma manhâ fria de inverno,
Não sorrirás para mim
E nunca te verei caminhar
Em Idaho sobre a pura neve,
Não encostarei minhas mãos
Na tua pele.

Em hipótese alguma
Dividiremos bons momentos,
Fotos de nós dois
Rindo juntos na neve
Jamais existirão.

Nunca admiraremos
Abraçados uma chuva,
E quando eu estiver doente
Não me ajudarás em nada!
E tudo isso é porque você foi embora
E me esqueceu,o passado morreu.

Delyle,
Somente a lua
Com sua luz incandescente
Se lembrará do meu cadáver
Sob o solo dos indigentes.