Solto os purgos da memória Porque a mágoa sempre fica, Desamores e revoltas São as secreções da vida. Não há bodas, Não há festas, Não há prêmios, Não há nada, E não existe mal pior Do que a solidão Dessa estrada. Tal qual um intenso corrimento As lágrimas da dor vão escorrendo, Nunca ouvi que houve remédio Pra esse tipo de tormento. Dessa vez não foi bacilo, Não foi nem mesmo o tricomonas, Dessa vez foi o vacilo De querer e não ser dona. Solto os purgos da memória Porque a mágoa sempre fica, Desamores e revoltas São as secreções da vida. Não há moldes, Não há gaze, Nem nenhum absorvente Que contenha a secreção De sentimentos tão doentes. Para essa mórbida infecção Chamada desilusão Não existe antibiótico, Pois são seres abióticos. Todo mundo nessa vida Já segregou pus algum dia, Mas eu tenho um corrimento Que me atrapalha na corrida. Todo mundo tem um medo Mas por falta de coragem Segrega o pavor em segredo. Todo mundo me acha estranha Por eu não ter vergonha De dizer toda a verdade, Mas quem esconde o que sente Acaba na insanidade. Todo mundo tem a mácula Guardada no coração E quem disser que "Não" De fato está vivendo na ilusão. Não há moldes, Não há gaze, Nem nenhum absorvente Que contenha a secreção De sentimentos tão doentes. Solto os purgos da memória Porque a mágoa sempre fica, Desamores e revoltas São as secreções da vida.