Jamila Mafra

Cálice de Ácido, Para Robert Peter Williams

Jamila Mafra


Robbie,
Se eu pudesse ser dona dos teus olhos
Que são águas azuis cristalinas
Eu juro que eu mergulharia
No fundo das tuas retinas
E delas jamais sairia.

As curvas do teu rosto
São montanhas nas quais quero escalar,
Cada músculo, nervo e detalhe
Que em tua face se mexe
É mais um verso
Que minha mão escreve.

Quem tem você
Com certeza não te valoriza,
Como é injusta essa vida!

Mas pensando melhor
Se eu pudesse te ter
Talvez nunca valorizaria você.

Quisera eu ter o poder
De pedir a Deus
Que você não envelheça
E que Ele preserve e conceda
Por toda eternidade a tua beleza.

É difícil falar,
Mas os seus cabelos
São a grama na qual eu gostaria de pisar.

Se eu te conhecesse de verdade
Talvez até me desiludiria
Porque assim de longe
Só posso admirar
Tua beleza física!

Porém nessa vida cretina
Que de quase tudo nos priva
O que podemos desejar
Além daquilo que os nossos
Olhos tão limitados conseguem enxergar?

E se pelo azar da vida
Tu fores apenas mais um anjo
Na Eternidade infinda
Tenha certeza
De que eu te farei companhia.

Há de haver
Um lugar no céu
Para todos aqueles
Que receberam como doce
Um cálice de ácido
Ao invés de mel.