Payador que vens da pampa teu vulto é mais que legenda, pois não ficastes em lendas nem perdido campo a fora, quando calçaste as esporas para amores mal domados, tal qual um potro aporreado bufando de contra o vento, cinchaste pátria nos tentos para teu rincão sagrado. Quando bandeaste fronteiras não respeitando divisas troxeste do pago de Urquiza esta barbara tenência de ir cortando querencias sem ter descanso ou sossego, a entregar os teus segredos para o andejo coração pois nada mais que a emoção carregas entre os pelegos. Com este entorno de taita, na força dos quatro ventos trazias na cor do lenço muito mais do que uma herança e a guitarra, feito lança, ressonando em emoção milongueava nos bordões, junto ao braseado compeiro, contraponteando o gaiteiro em derredor dos tições. Sempre havera um payador neste chão continentino Riograndense ou correntino sem distinção de raça, pois a história se retraça trazendo para o galpão cruzando fogão em fogão na campeira fidalguia e a galponeira franquia das veredas deste chão. Teu vulto sempre haverá enquanto existir um gaúcho, que aguentando o repuxo num jeitão meio aragano, poderá ser castelhano ou riograndense pelo duro, mas teu cantar sempre puro ecoará por esta pampa retratado na estampa do gaudério que aqui cruza.