Eu encilhei três ontonte que até a pouquito troteava Com três cavalos de muda e uma vontade de estrada Maneadores de porteira, poncho, chave, cola atada E debaixo dos pelego uma esperança apertada Cheguei pra entregar o meu verso lá dos fundos de onde eu vim Escrita a toco de lápis e a luz pra candear ladim, vim repontar estas rimas De um canto que não é novo, de lombo, arado e galpão Onde ainda canta o meu povo Se faro em rinchar potro e arrastar de mariposa Falo em vivência de campo, de quem conhece essas coisas Meu mundo tem seu segredos e a mim me toca cantá-los Pois descobri muito cedo pra que estrela cantam os galos Minha guitarra tem alma, até quando erro se acha Branca geada no lombo, picumã dentro da caixa Traz as ganas e os alambrado, prende vento nas entranahas Que se soltam por os meus dedos, pra me lodear nas campanhas Por isso busquei na várzea, meus três gateados confiança E apertei entre os pelegos, um punhado de esperanças Cantar num palco do povo, mostrar que vive o meu canto Que mais que canto é arte de quem nasceu pra ser campo