Desquinando um tento baio O minuano assobiando Ouvi um buenas parceiro Estranhei que alguém chegasse Sem que o cachorro anunciasse Se apeou e foi entrando Os ombros meio curvados de quem a vida domara E que nunca mais trançara Mãos domadas pela vida Apertei com força os calos Juntas grossas doloridas Só vim pra tomar um mate E fazer uma encomenda Quanto vale um aparelho Pra cabeça da gateada Sem argolas, sem floreios Que caiba nos meus trocados O preço é da minha alçada Entrego no fim do inverno Um trançador já no cerno Que o tempo vinha judiando Sorveu o mate de estrivo E se mandou a la cria Pelei um couro brasino Flor cor de cedro queimado Que realçasse o prateado das argolas mais bonitas Bombas em ouro bordadas Por espanholas malditas Nas tiras das nazarenas Lonca fina trabalhada A cabeçada de doze Oito, cabresto e bucal Que embuçalasse um bagual Não uma égua cansada As rédeas de trança achar Pra diferenciar do laço Nas palmas cravada a marca Já sem cabo enferrujada Um dia a velha gateada Se queimou naquela marca Com os olhos marejados Vaidoso entreguei a obra Tinha mais dele na trança Do que nas minhas andanças Me ensinara aquela arte De trançador não se cobra De trançador não se cobra.