Porque canto, te respondo, Porque me encanta cantar... Se a saudade me atropela, Peço pra ela voltar... Na leveza do meu canto O pranto teima em rolar, E a tristeza alça velas, Num convite a navegar! Canto estrelas que se aninham No poncho das madrugadas, Canto a lua que repousa Refletida nas aguadas... Canto a voz da guitarra Que se ancorou no meu peito, Pra me juntar aos humildes Que ainda clamam respeito! Graças ao meu bom Deus, Canto pra o sustento dos meus... E pra espantar essa dor, Que não tem forma, nem cor, Preferi chamar de amor, Lágrima dos olhos teus... Se o meu cantar não te importa, Abro as portas mesmo assim, Num vício terno, sensível, Do poema que há em mim... Canto a garoa que encharca A quincha do rancheirio... Canto a nobreza das águas, pelo remanso dos rios! Quando eu partir deste mundo, Hão de ficar as cigarras, Que ensinaram ao meu filho Os segredos da guitarra... Quando chegares as aves No retorno do verão, Hão de levar meus poemas Nas asas da arribação! Graças ao meu bom Deus, Canto pra o sustento dos meus... E pra espantar essa dor, Que não tem forma, nem cor, Preferi chamar de amor, Lágrima dos olhos teus...