A cor marrom me esconde O azul me cala Se o verde me espanta É porque seu brilho espalha Nasci do ventre escuro Com muito medo do espaço E o espaço procuro sem medo e sem cansaço Só a manhã me consola Quando a tristeza me fala Pendendo num fio de coisas Que não valem um gesto Que não são certezas Que não fazem um ato Sou numa noite, espectro Sou um sufoco de anseios E o meu peito se assombra Com a prisão da palavra Essa fumaça ardendo Nesses meus olhos de vidro Deixo queimar Sou numa noite, espectro Sou um sufoco de anseios E o meu peito se assombra Com o perdão da palavra Esse meu grito suicida A corroer as entranhas Deixo queimar Sou numa noite, espectro Sou um sufoco de anseios E o meu peito se assombra Com a prisão da palavra Essa fumaça ardendo Nesses meus olhos de vidro Deixo queimar