Velha infusão gauchesca De topete levantado O porongo requeimado Que te serve de vazilha Tem o feitio da coxilha Por onde o guasca domina, E esse gosto de resina Que não é amargo nem doce É o beijo que desgarrou-se Dos lábios de alguma china! A velha bomba prateada Que atrás do cerro desponta Como uma lança de ponta Encravada no repecho Assim jogada ao desleixo Até parece que espera O retorno de algum cuera Esparramado do bando Que decerto anda peleando Nalgum rincão de tapera! Velho mate-chimarrão As vezes quando te chupo Eu sinto que me engarupo Bem sobre a anca da história, E repassando a memória Vejo tropilhas de um pêlo Selvagens em atropelo Entreverados na orgia Dos passes de bruxaria Quando o feiticeiro inculto Rezava o primeiro culto Da pampeana liturgia! Nessa lagoa parada Cheia de paus e de espuma Vão cruzando uma, por uma, Antepassadas visões Fandangos e marcações Entreveros e bochinchos Clarinadas e relinchos Por descampados e grotas, E quando tu te alvorotas No teu ronco anunciador Escuto ao longe o rumor De uma cordeona floreando E o vento norte assobiando Nos flecos do tirador! Sangue verde do meu pago Quando o teu gosto me invade Eu sinto necessidade De ver céu e campo aberto É algum mistério por certo Que arrebentando maneias Te faz corcovear nas veias Como se o sangue encarnado Verde tivesse voltado Do curador das peleias! Gaudéria essência charrua Do Rio Grande primitivo Chupo mais um, pra o estrivo E campo a fora me largo, Levando o teu gosto amargo Gravado em todo o meu ser, E um dia quando morrer, Deus me conceda esta graça De expirar entre a fumaça Do meu chimarrão querido Porque então irei ungido Com água benta da raça!!!