O destino aqui me trouxe Cantar pra vocês eu vou Eu só trouxe coisa boa Foi meu sertão quem mandou A beirada do telhado é morada do cuitelo Sanhaço tem pena verde, mora no pé de marmelo No galho da laranjeira sabiá peito amarelo No braço dessa viola, mineiro de Monte Belo Quando eu entro no catira os meus pés são dois martelo Minha viola pagodeira, minha fonte de poesia Rainha das madrugadas em noites de cantoria Ela sempre me acompanha, chega gemer nos meus braços A viola que eu ponteio tem as dez cordas de aço Minha vida é complicada Cantar é meu compromisso Só levanto meio dia E ninguém tem nada com isso Homem esperto que não trabalha Só engana Pra mim se chama domingo Todo dia da semana Enquanto o assalariado vai vivendo estressado Eu levo a vida no esquema A vida é mesmo assim Cada um com seus problemas Tem gente que não gosta da classe de violeiro No braço desta viola defendo meus companheiros Pra destruir nossa classe tem que me matar primeiro Mesmo assim depois de morto ainda eu atrapalho Morre um homem, fica a fama e minha fama dá trabalho Aqui não Posso até não ser simpático Comigo não tem desculpa Minha criação é xucra A verdade ninguém furta Sou bruto, rústico e sistemático