Dele remo, dele remo O costeiro lá se vai Sua vida, seu destino, É a costa do Uruguai Nas águas claras do rio Vai misturando o suor Porque o pão já anda escasso Na mesa do pescador Vai cortando as corredeiras Na sua velha canoa Leva consigo a esperança De uma pesca bem boa Chega no espinhel cansado De remar contra a corrente E nem sempre o costeiro Volta pro rancho contente Dele remo pelo rio Assoviando lá se ia Cortando água e neblina No raiar de um novo dia Uma rede, um espinhel Lá na beira do canal Um dourado, um surubi Tinha peixe afinal Dele remo o costeiro Se cambeia pro outro lado Vai vender o que pescou No comércio do povoado Traz um bico pro piá novo Pro mais velho uma cherenga E uma água de cheiro Pra dar de presente à prenda Traz farinha, erva e fumo E a canha que aquece o peito E depois volta o costeiro Dele remo satisfeito Afinal valeu a pena Seu esforço, seu suor Outra vez tem pão na mesa Do costeiro pescador