Se um pajador abre o peito A natureza emudece O vento solta uma prece Num sacrossanto respeito O rio se aquieta no leito O campo abre-se em flores Os pássaros multi-cores Se esquecem de cantar Só pra poder escutar O canto dos pajadores Quando canta um pajador A poesia se refaz É uma bandeira de paz Hasteada em prol do amor Pra o poeta sonhador É bem mais que uma bandeira É a mensagem verdadeira Anunciando aos demais Que todos somos iguais E o canto não tem fronteira Quando um cantor se desdobra E uma guitarra se exalta O que no mundo anda em falta Tenho na alma de sobra E cada verso é uma obra Com destino diferente Que surge como vertente Do manancial mais profundo Depois de rodar o mundo Retorna sempre pra gente Quando canta um pajador Até o próprio vento escuta E uma paz absoluta Brota na alma do cantor Um sorriso estanca a dor Pra noite parir o dia Torna-se livre a poesia Sempre que um verso se escapa Desenhando um novo mapa Na estampa da geografia Quem canta a alma do povo Traz alento à própria alma Quando a guitarra se acalma Meu verso nasce de novo Me emociono, me comovo Porém nunca me disperso Nos confins desse universo Ecoa meu canto forte E nem mesmo a própria morte Pode silenciar meu verso