“Se o tempo me trouxe aqui, sigo este rumo e me vou! Se o tempo existir de fato e fez de mim cicatriz Hei de ser somente o cerne daquilo que me tocou Se o tempo já é passado, serei eu, só um retrato Amarelando a retina naquilo que me sobrou Se fui as cordas que usei, tive a crueza inicial De quem anunciou bagual por força das precisão Depois ao passo que pude, sovado e macio de trança Me entreguei de alma mansa pras baldas do coração E então percorri caminhos no olhar de tanta china Amaciando uma sina de ser sozinho por gosto Desfiz marcos de fronteira e me voltei ao que era - Quem tem cismas de tapera, traz o seu tempo no rosto Se fui o gado berrando num cruzo estreito de sanga Tive o doce das pitangas das picadas que cruzei Mas antes tive o amargo do adiante do pouco ou nada Sovando de casco a estrada, pra o futuro que campinei Se fui sereno na terra chamando o Sol pra um verdejo Igual quem espera um beijo pra renascer num encanto Estive na pá do arado, no ajoujo do boi de canga E agora sou chuva em manga se a seca sovar o campo Se fui duende de guitarra, a noite sempre foi pouca Pra sussurrar de voz rouca o Rio Grande que é meu trilho Se o tempo sovou meu ontem e fez aquilo que deu Eu voltarei a ser Eu regendo a vida de um filho Se fui nos clarões de lua um tranco largo a esmo Aqui cantarei eu mesmo, espinho e flor aromando Se fui maula corcoveando, agora só troco orelha Que da vida desparelha sobrou meu mundo pulsando